A Coragem de Ser Imperfeito

Adoro me abrir a novas reflexões, exatamente porque quanto mais lemos e estudamos mais expomos nossa mente a ideias novas, e acredito que seja daí que tiramos alimento para percorrermos o nosso próprio caminho, de acordo com nossos princípios, valores e modos de ver e viver a vida.

Quando me deparei com a frase, que hoje sei que saiu de um verso de uma canção chamada “Anthem”, de Leonard Cohen, que diz: “Em todas as coisas há uma fenda / É por aí que a luz entra”, fiquei em “choque”, porque ela mexeu comigo de muitas formas.

Primeiro porque me fez enxergar, em uma única frase, aquilo que devemos buscar na vida, independente do que nos aconteça, devemos enxergar a beleza das falhas. Jamais seremos perfeitos, mas a busca por sermos melhores, em darmos o melhor de nós em qualquer situação é o ponto vital dessa reflexão. Essa busca (sem exageros) é que gera luz. A beleza do imperfeito é exatamente percebermos que todo processo envolve falhas, tentativas, cair, levantar, começar de novo. Não é assim que acontece com você? Porque é assim que acontece comigo. De tanto cair, levantar, começar de novo, vamos aprimorando nossos processos, e isso é beleza pura. Isso é evolução, gente!

Tentativa e erro. Frustração, tentar de novo e de outra forma.

Tem uma frase de Voltaire que diz assim: “Não deixe o perfeito ser o inimigo do bom”. Não deixe de tentar pelo medo de fracassar, porque o fracasso enquanto processo é lindo de se ver. Ah, não vou me exercitar hoje porque não adianta caminhar apenas 20 minutos. A caminhada de 20 minutos que você faz é melhor que a corrida de 1 quilômetro que você não faz. Ah, não vou escrever um artigo com 3 parágrafos apenas. O artigo com 3 parágrafos é melhor que o livro perfeito que você nem tirou do computador (Essa reflexão eu fiz depois de ler o Livro de Brené Brown, “A coragem de ser imperfeito”).

Nunca será bom o bastante (pelo menos é o que a gente acha), porque somos seres em evolução, e quando entendemos isso o trajeto fica bem mais leve e repleto de gratidão.

Voltando ao segundo motivo dessa frase ter mexido tanto comigo; é claro que eu fiz uma analogia com a organização. Quem me acompanha sabe que eu não acredito na organização como vida perfeita, casa perfeita, armário perfeito, gaveta perfeita. Eu creio numa organização fluida, sem excessos, bela em sua essência, harmônica e, sobretudo, em processo, sempre! Cara, você mexeu naquela roupa, naqueles livros, trabalhou na sua mesa, vai chegar o momento de tudo isso voltar ao seu lugar, seja você fazendo isso, ou alguém que você contrate. Nós usamos nossas coisas, é para isso que elas servem, elas jamais ficariam intactas (tudo que permanece intacto não merece pertencer à nossa vida, é energia estagnada que só nos trará prejuízos) porque nossa casa não é casa de revista. A casa de revista só é perfeita porque ninguém a habita. No instante em que a câmera do fotógrafo desliga ela deixa de ser casa de revista.

A nossa casa tem alma! Tem movimento, tem vida pulsando nela todos os dias.

Tem o café que caiu sobre a mesa durante o café da manhã, a toalha úmida após o banho, o lençol amassado após uma noite amor, as pétalas de flor caídas na bancada da cozinha (já cumpriram sua missão e necessitam ser trocadas), os dedos das crianças nas paredes, e voltando à frase do início do texto “é por aí que a luz entra”, nas fendas daqueles objetos usados por você e sua família. A luz existe nas fendas daqueles meus dois Budas que trincaram depois de caírem diversas vezes no chão. Eu os guardo porque eu os amo e não os trocaria por novos simplesmente porque eles estão em minha vida há 20 anos, sofreram alguns processos conosco. Eles são bonitos porque possuem história. “Arte é tudo aquilo que é perfeitamente imperfeito”.

Por isso, antes de você se indagar se deve ou não fazer alguma coisa, pela qual você adia, seja por medo de fracassar, ou por não se achar boa o bastante, lembre dessa frase. É possível que você caia algumas vezes, para que em você surjam fendas.

Da mesma forma que a nossa casa tem alma, e tudo que tem nela conta uma história, você também tem a sua.

Sua história, suas fendas me interessam muito e é nessa organização que eu acredito.

Não precisa ser perfeito e não será, exatamente pelas questões acima relacionadas, mas te trará inúmeros benefícios, se soubermos apreciar o processo inerente a ela.

Um grande beijo…

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