Viva Experiências

Nunca fui muito apegada às coisas materiais de uma forma geral. Empresto livros, roupas, sapatos, louça, sem problema algum. Sem problema algum mesmo. Acho até que sou desapegada demais. Isso eu não devo ao Minimalismo, acho que é um traço da minha personalidade, me considero uma pessoa leve e de bem com a vida. O minimalismo me trouxe um sentido de propósito, mais relacionado com meu estilo de vida mesmo. Ou seja, uma coisa agrega à outra, e isso tem me feito evoluir muito. O processo continua, e eu estou bem satisfeita com o resultado parcial. Ter somente o que uso, gosto, e o que vai me levar em direção a meus sonhos é realmente libertador.

A verdade é que tenho ensinado muitas pessoas a refletirem sobre isso. Uma dessas pessoas é meu filho de 5 anos. Tenho absoluta certeza de que ele vai se beneficiar muito disso no futuro. Já estamos colhendo alguns frutos no presente. Estamos construindo essa história.

Ele já consegue fazer essa avaliação quando vamos consumir algo, e quando vamos abrir mão de algo. Ele ama bichos de pelúcia mas, ainda assim, toda vez que adquirimos um, ele tenta fazer uma reavaliação do que possui. Sempre estamos nos despedindo de algo, simplesmente porque não dá pra ficar com tudo. Não há dor nessas despedidas. Nenhuma mesmo. É o exercício de abrir mão do que é bom para ficar com o ótimo. Aprendizados. Nem sempre dá pra manter coisas, inclusive aquelas que te dão alegria, e aí Marie Kondo vai me desculpar, heheheh

Mas sua casa é pequena, Lud? Não, moro numa casa grande. Escolhi viver simples, escolhi ter poucas coisas, e tem ainda muita mudança que desejo fazer por aqui para viver de verdade da forma que desejo, mas isso é assunto para outro post.

Hoje eu quero contar uma história que me emociona toda vez que relembro dela, e tem a ver com aquela frase que diz que o minimalismo é sobre viver experiências. De verdade, é isso que me motiva a ir em frente, porque eu acredito muito nisso. Essa frase impactou minha vida.

Lemos para nosso filho todos os dias a noite e como qualquer criança, às vezes ficamos na mesma história um mês, lendo repetidas vezes a mesma coisa. Como eles apreciam uma repetição, né? Li certa vez que tudo que para eles dá prazer, eles querem repetir, repetir, repetir… como o ritual da gargalhada, você faz algo engraçado e a criança gargalha sem parar, e aí você repete e repete, repete, e aí o prazer é de ambos os lados. Tem algo mais poderoso que o som da gargalhada de nosso filho?

Abertas as apostas.

Bom, ficamos na história do Golfinho Luca por longos dois meses, a história era simples e até meio boba, mas eu sempre dava um jeito de deixá-la emocionante, seja fazendo vozes diferentes, ou interjeições divertidas.

A verdade é que eu repetia por várias vezes a interjeição: “Meu Deus, será que o Luca vai conseguir?”. Na história o golfinho estava passando por um processo de treinamento para conseguir passar por umas argolas. E isso ficou gravado na mente do meu filho. A interjeição vinha e as risadas eram inevitáveis. E eu as utilizava em muitas ocasiões na vida. Se eu achava que fosse chover eu dizia: “Meus Deus, será que vai chover?”. Estávamos atrasados: “Meus Deus, será que dará tempo?”. Ele me olhava e ria, aquela coisa de piada interna. Tem coisa mais íntima e que demonstra mais proximidade do que você ter com alguém uma coisa só de vocês?

Abertas as apostas novamente.

O fim do ano se aproximou e com a chegada dele chegou o momento de reavaliarmos os livros, fazemos isso com os brinquedos e com as roupas também. Ele está numa fase de grande desenvolvimento, virando um rapazinho, os gostos tem mudado, bem como o estilo de brinquedos e livros. Dessa forma, essa avaliação pode ser feita até duas vezes por ano, para evitar o acúmulo exagerado de itens.

O fato é que ele foi até à estante de livros (que eu mesma fiz com caixotes de feira, pintei de azul e nos trazem muita alegria) pegou na mão o livrinho do Luca e talvez tenha percebido que não o líamos há uns 6 meses. Titubeou, sabe? E é por isso que eu digo que nem sempre podemos usar o critério de “isso me traz alegria”, porque às vezes te traz muita alegria, mas ainda assim você pode doar, nem que seja para que dê alegria à outra pessoa. Não dá pra guardar em caixas organizadoras todas as coisas que te dão alegria mas que você não usa, concordam?

Mas é aí que entra o aprendizado, esse livro virou uma experiência em nossas vidas.

E essa experiência levaremos pra toda eternidade. É disso que trata o minimalismo.

Todas as vezes que eu uso a interjeição “Meu Deus”, seja em qualquer situação, na mesma hora ele me olha, ri e diz: “Será que o Luca vai conseguir?”.

O livro se foi, mas a experiência é nossa!

Vamos colecionar experiências, porque essas a gente leva conosco, sem o indesejado fardo do peso. Administrar experiências dentro da gente, sejam elas leves ou pesadas, (afinal experiência ruins constroem pessoas fortes, não é mesmo?) é muito mais fácil que administrar objetos, ou elementos concretos. Aconteça o que acontecer, a experiência vai com você. Mas aquela cafeteira de moer grãos, que necessita de limpeza diária, custou caro, é pesada e ocupa muito espaço, essa você não leva diariamente ao trabalho, nem às viagens de seus sonhos. Se o seu desejo é tomar café moído na hora, vá à uma cafeteria e viva essa experiência. Te garanto que você economizará dinheiro, tempo, e ainda levará de brinde o peso de muitos aprendizados…

Vamos abrir mais essa aposta?

Te espero!

Um grande beijo.

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