Você acredita em energia? Eu acredito, e muito. Acredito que somos aquilo que pensamos e atraímos aquilo que emanamos. Por isso todo o cuidado é pouco no que diz respeito ao invisível. Portanto, se a sua casa está visivelmente um caos, seja em desorganização, limpeza ou acúmulo de energia parada (energia sha) leia esse texto até o fim que vou te contar uma história muito interessante a respeito da deusa Héstia, a deusa esquecida da casa. Sim, um pouco de mitologia grega e feng shui para que você definitivamente faça as pazes com a sua morada.
Se a nossa casa tem um fator tão importante em nossas vidas, por que a negligenciamos tanto? Simplesmente porque estamos o tempo todo focados no mundo exterior e ocupados demais correndo de um lado pro outro.
Estamos vivendo a era de Hermes, o deus da velocidade e do intelecto, ele é o mestre das comunicações. Ele é o deus da rapidez competitiva e da consciência de todo aquele que é viciado em trabalho. Isso é muito importante para nós, afinal de contas sem ele a vida seria bem monótona, mas com isso deixamos a deusa Héstia de lado. Não precisamos pender nem para um lado, nem para o outro. Que tal equilibrarmos isso?
Mas quem é Héstia e por que ela é uma deusa esquecida? Ela é, em primeiro lugar, o antídoto para amenizarmos toda essa correria de Hermes. Ela é a deusa clássica da lareira, ou seja, do fogo, o foco da casa. O coração, o centro. Na época das civilizações grega e romana, o culto desta deusa do fogo e da casa era de extrema importância. A sacralidade de Héstia foi honrada diariamente tanto na vida dos gregos quanto dos romanos, pois a ela era dada a atribuição de dar alma às casas. Esse fogo era representando pela lareira, que nas antigas civilizações eram construídas no interior das residências. A Modernidade dos nossos dias fez com que os computadores acabassem substituindo a lareira como item central da casa. Desconexão total com a alma da casa. Assim como a televisão passou a ser mais importante que a mesa de jantar. Na modernidade, deixamos até de usar o fogo do fogão para cozinhar, lançando mão do micro-ondas, não nos reunimos mais para cantar, contar histórias, em círculo. E me diz aí se você realiza seus trabalhos domésticos em estado de meditação? Honrando sua casa, sua morada. Pois é, tudo isso eu aprendi lendo o livro a Alma da Casa, de Jane Alexander. A leitura dele me fez reavaliar o meu sentimento e a energia que eu estava impregnando em meu lar ao realizar as tarefas diárias de limpeza, ou até mesmo ao preparar as refeições.
Com o surgimento do feminismo a deusa Héstia se tornou tudo aquilo que uma mulher não almeja ser; o centro da casa, tímida, introvertida, quieta em seu núcleo familiar, bem diferente do Deus Hermes, o deus expansivo e comunicativo. E por desejarem lutar por seus direitos de participação efetiva no mundo, com as primeiras manifestações feministas, as mulheres desejaram uma energia bem diferente da energia de Héstia, uma energia de autoconfiança (Afrodite), inteligência, sabedoria (Atena), etc…
E foi dessa forma que Héstia ficou abandonada. Com isso perdemos algo muito valioso, pois nos privamos do nosso senso de focalização, de um porto onde pudéssemos ancorar.
Sabe aquela falta que algumas mulheres dizem sentir, apesar de serem extremamente realizadas no trabalho? Elas se perguntam “como posso me sentir assim, se eu tenho tudo?” Essas mulheres acabaram perdendo suas casas, ou seja, a alma, o centro, o foco, o fogo de Héstia. Perdeu-se o foco no essencial, essa é uma opinião pessoal. E isso não é uma crítica ao feminismo, nem ao trabalho, nem à luta por direitos comuns a todo ser humano. Estou falando do que realmente importa para cada uma de nós, e isso pode estar dentro de nós mesmas, ou seja, em nossas próprias casas, que são o reflexo mais puro de quem somos.
Como mudar essa desconexão, sem perder tudo que conquistamos?
Basta realizarmos pequenas mudanças em alguns hábitos, realizarmos as tarefas domésticas mais simples com esse sentimento e energia, de entrarmos em contato com o nosso Centro, aqui representada pela Deusa Héstia. Foco na essência do que representa essa casa para nós, entende? Foco no invisível dessa tarefa. Isso não é algo exclusivo às mulheres, de forma alguma, mas como escrevo para mulheres, estou conversando com você.
Na minha casa, por exemplo, meu marido cozinha e passa as roupas e eu cuido da limpeza e das demais tarefas, mas de uma forma geral dividimos absolutamente tudo.
Ou seja, tanto o homem como a mulher podem entrar em contato com esses valores vindos de Héstia. Independe de gêneros.
Você sabia que a palavra foco vem do termo latino focus, que significa lareira, fornalha, ou seja, o domínio próprio de Héstia.
Precisamos voltar a entrar em contato com os valores de Héstia, a fim de resgatarmos isso. “Pois só assim conseguirão dar a si mesmas o tempo e o espaço necessários à reflexão tranquila, à contemplação, e à criação”.
Não precisamos abolir Hermes de nossas vidas, nem virar as costas para Héstia, “mas para que haja um equilíbrio, não podemos esquecer nossas raízes terrenas, focando-nos no interior de todas as coisas e de nós mesmos com uma intensidade igual àquela que concedemos à exterioridade de tudo. Em suma, se conduzirmos Héstia aos seu devido lugar no coração da casa, talvez possamos por meio deste gesto iniciar o processo de cura com o qual tanto sonhamos”.
Por isso usei a palavra invisível no início deste texto, porque o interior é invisível, só conseguiremos atingi-lo mudando nosso estado de espírito, cuidando de nossa casa com este espírito renovado, a fim de fazermos as pazes com a alma da casa, mas mais ainda, fazermos as pazes com a nossa própria alma.
Na semana que vem trarei algumas dicas que o livro propõe para que façamos as pazes com Héstia.
De uma forma geral achei esse livro muito profundo. E a analogia que ele faz com a mitologia grega é incrível. Tive que reler algumas partes, pois ao estudar o feng shui mais profundamente precisei rever alguns pontos para compor este post.
Espero que tenham gostado e até semana que vem. Um beijooo.
Fonte: a alma da casa, como transformar sua casa num santuário, Jane Alexander