Empreenda-se

Se você assim como eu gosta de ouvir histórias, hoje vou enveredar um pouco pela minha história empreendedora, do como cheguei até aqui. A maior conexão que existe é quando descobrimos que a vida do outro é parecida com a nossa, que todo mundo passa por inúmeros perrengues, adversidades e diversos aprendizados, é aquele momento que você pensa: “uau, nem parece que ela passou por tudo isso”. Conhecer o caminho do outro nos conecta com a gratidão, gratidão por nossa própria caminhada.

Como disse certa vez em um post do Instagram eu nunca sonhei em ter o meu “negócio”, e como o negócio da maternidade chegou cedo por aqui (tive meu primeiro filho aos 13 anos) e terminou tarde (engravidei do meu caçula aos 36 anos), acabei por permanecer ao lado deles, cuidando de tudo por eles e para eles. E não há arrependimento algum nisso, muito pelo contrário, foi uma escolha. Mas confesso que lá nas profundezas do meu ser eu sabia que podia haver mais que eu pudesse fazer, algo que me gerasse realização além do âmbito familiar. Sempre fiz trabalho voluntário e me orgulho muito disso, pois o sair de casa para ajudar pessoas fazia sentido para mim. Ou seja, não podia ser qualquer trabalho, teria que ser algo com um significado maior.

Eu com meu filho mais velho, Ricardo, em 1990.

No final do ano de 2017 surgiu uma oportunidade de uma parceria com uma pessoa, e foi aí que descobri que organizar era um “negócio”. Eu sei que quase tudo pode virar negócio, mas eu sempre fui avessa a esse tipo de coisa. Na minha família não existem empreendedores, nunca tive em quem me espelhar. E dessa forma meu olhar nunca se voltava para fora, engraçado perceber isso hoje, porque hoje consigo olhar pra fora.

Entrei na faculdade de Jornalismo aos 24 anos (só pra efeito de cronologia, hoje tenho 43 anos) foi quando tive a oportunidade de deixar minha filha do meio (que na época tinha 3 anos) com uma pessoa para que eu pudesse me dedicar aos estudos na parte da manhã. Essa pessoa também me ajudava com as tarefas domésticas. Tivemos alguns desgastes com essa pessoa e problemas financeiros no meu último ano da faculdade, e como eu ainda não ganhava dinheiro com o jornalismo, achei melhor proteger a família e parar a faculdade. Conclusão: não me formei. Aos 28 anos fui realizar um sonho antigo, sempre quis pisar no palco, e fui estudar teatro. Foram 5 anos e meio até o dia da formatura, onde me dediquei de corpo e alma a isso. Fiz alguns trabalhos com teatro empresarial, ainda lá no início do StoryTelling, mas no ano em que me formei, 2010, veio o divórcio.

Bia, minha filha do meio, a única menina

Não vou me aprofundar muito nessa questão do divórcio porque essa história merece virar livro, o que você precisa saber é que me divorciei em novembro e em fevereiro casamos novamente, pois me apaixonei por ele de novo, e isso era algo que não estava nos meus planos (coisa de novela, hahaha, como eu me orgulho dessa parte da minha história) mas com o recomeço da relação e tudo o que aconteceu devido a ela, optei por não procurar trabalho na área teatral. Resolvi respirar fundo, me reconectei com minha essência e espiritualidade e me dediquei a isso profundamente, deixando as demais coisas de lado mesmo. Resolvemos ter mais um filho e a raspa do tacho, Enrico, ano que vem completa 7 anos. Ter um filho na maturidade foi a melhor escolha que pude fazer, e acho que ele sabe disso, temos uma relação intensa e de muito amor.

Peça de Formatura, “O Tartufo”, 2010
Grávida do Enrico, 2012

Eu precisava desse tempo, pode parecer loucura para você, mas de 2010 até final de 2017 cuidei aqui do meu espaço interno. E foi cuidando da gente (família), de mim, e do meu terceiro filho em tempo integral que descobri quem eu sou de verdade. Estou em processo, claro. Se a vida é feita de transformações não posso dizer que já sei tudo, mas hoje me conheço infinitamente mais. Tudo que passei foi um material precioso para eu trabalhar com o que trabalho.

Reveilón, 2018, meus três amores.

E foi por isso que disse sim, sem nem pensar direito, quando fui convidada por uma colega para essa parceria. Em 2018 fiz o curso profissionalizante, muitos laboratórios, li diversos livros sobre empreendedorismo, organização e produtividade, cursos no Sebrae, voltei a escrever, comecei a gravar vídeos e lançamos a outra empresa. Tivemos poucos clientes, mas grandes aprendizados. Em dezembro de 2018 a parceria acabou por motivos particulares, só que a semente estava fincada em meu coração.

Parei para refletir e já era tarde demais para eu pensar em parar, por diversos motivos; 2 filhos adultos, Enrico prestes a completar 6 anos, meu marido havia começado a empreender também, motivado pela minha motivação, ehehehe, ou seja, eu estava próxima de ter algo meu, e precisava ajudá-lo nesse primeiro momento, pois começar a empreender depois de uma vida trabalhando no negócio dos outros é uma mudança bem radical, de paradigmas e financeiramente falando também.

Foi assim que a empresa “Onde eu Guardei” nasceu, esse foi o primeiro nome que surgiu quando fizemos (ainda com a outra parceira) os brainstorms. Achei o nome fofo e criativo, mas na hora de bater o martelo outro nome foi escolhido. Acabei fazendo um Blog com esse nome (em meados de 2018) quando retomei a escrita, sempre fui dada a isso, a tal veia da comunicação. No Blog eu escrevia sobre organização, fazia reflexões, dava dicas de livros, ensinava algumas dobras.

Então quando eu recomecei sozinha, em janeiro deste ano, foi muito fácil decidir o nome. Ele existia e já era um organismo vivo. A partir dele e com uma pequena experiência de 6 meses atuando no mercado, pensei num logo, pensei em cores, eu já tinha de certa forma uma identidade própria, mas agora eu podia expor isso ao mundo sem precisar pedir permissão. O negócio era meu! E eu queria algo vibrante, com uma energia parecida com a minha. E como isso é libertador. Porque erros e acertos ocorrerão, mas como tudo é uma escolha sua, fica a seu critério se perdoar e evoluir ou ficar se martirizando por não atingir a perfeição! Quem é perfeito? Eu não sou, e começar a empreender aos 43 anos é algo realmente desafiador.

Com a leitura do Livro de Brené Brown, a Coragem de ser Imperfeito pude refletir sobre a importância de se libertar da síndrome de nunca se achar boa o bastante, ele abre seus olhos para a descoberta de que a perfeição não existe e que a vulnerabilidade exige muita coragem, porque você precisa ser muito forte para tentar, correndo o risco de perder, errar, ser julgada. Mas ainda assim é isso que lhe permite ousar e crescer.

Esse é o meu caminho, graças a Deus cheguei aqui aos 43 anos e repleta de experiências (a minha vida voltada para casa foi tão rica que vocês não fazem ideia do quanto me fez forte).

Hoje sou mais amorosa com meus erros, brindo a cada conquista, cada passo, não importa quão pequeno ela seja. Agradeço todos os dias por cada movimento que realizo em direção aos meus sonhos e naquilo que acredito.

E eu acredito num mundo melhor, acredito em negócios verdadeiros e que gerem conexão entre as pessoas, sei que se você der o seu melhor os frutos chegarão, na medida e proporção do seu comprometimento.

E eu sei com o que eu me comprometi. Aprendi valorosas lições, aprendi a saborear o simples da vida, o encantamento de uma vida imperfeita, mas rica de propósito e essência.

Empreender exige muito da gente, mas também é um caminho repleto de aprendizados, conexões, que lhe permitem fazer escolhas coerentes com a sua vida e verdades.

Eu acordo todos os dias às cinco horas da manhã para evoluir em direção aos meus sonhos, e o que me motiva é saber que a semente que planto, a da organização, na vida das pessoas, transforma demais o olhar delas em relação à vida e ao futuro, e isso me preenche de forma que nem consigo expressar.

Essa é uma parte da minha história, da qual me orgulho muito, inclusive dos tropeços. Aprendi a ser resiliente e ter esperança, mas mais ainda aprendi que a vida acontece mesmo é fora da zona de conforto.

Experimente e seja muito feliz!

Um beijo

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