Quantas vezes você respondeu sim a um convite sem pensar direito? Quantas vezes se arrependeu de ter assumido algo sem entender por que aceitou a tarefa? Tem dificuldades em dizer não por medo de desagradar alguém? Você se sente sobrecarregado? Acha que vive fazendo mil tarefas e nunca chega onde gostaria de chegar?
Se respondeu sim a qualquer uma dessas questões, você não está sozinha! A grande novidade é que vou mostrar que é possível você sair desse enrosco.
Hoje vamos enveredar pelo caminho do essencialismo e descobrir a diferença entre ruído e essência.
Menos porém melhor é a definição para o caminho do essencialista. Eu acredito que necessário mesmo é você criar o hábito de se fazer a seguinte pergunta: Estou investindo nas atividades certas?
Existem oportunidades demais nesse mundão e o fato é que nosso tempo e os nossos recursos são limitados e nem sempre estão ali em pé de igualdade com as variadas opções. O caminho do essencialismo é na verdade o de fazer escolhas, filtrar as muitas opções e optar pelas verdadeiramente essenciais.
E não é fazer menos apenas por fazer menos, não tem nada a ver com preguiça, mas sim dar a sua contribuição máxima ao que é essencial. Sabe aquele termo que você com certeza já deve ter escutado por aí, “vamos seguir o fluxo?” Pois é, o essencialista não segue o fluxo, ele segue um propósito bem definido. Para isso ele faz escolhas conscientes o tempo todo, a fim de eliminar os ruídos e deixar a passagem livre para o que é essencial.
Mas aí você se pergunta. Mas o que é essencial? Isso é extremamente pessoal, varia de pessoa para pessoa. O que é essencial para mim pode não ser para você, por isso a importância de você se conhecer melhor.
Existem 3 perguntas que tocam no ponto vital e que podem te dar algumas pistas do que é essencial, aí vão elas: o que te inspira profundamente? Qual é o seu talento especial? O que atende a uma necessidade especial do mundo? Ao responder essas perguntas você terá pistas do que é essencial e do que é trivial. Se não te inspira, mude o caminho, faça diferente. Se você precisa mudar a essência de quem você é para permanecer num trabalho ou numa relação, repense essas situações, e por aí vai…
Eu faço ainda uma quarta pergunta quando percebo que estou no meio de um furacão de opções e quero optar pelo essencial: “Isso vai me ajudar a construir um mundo melhor?” Mas esse é o meu ponto de vista, veja quais são as suas questões e siga em frente, um passo de cada vez, lembra? “A vida começa todos os dias”. Hoje é o melhor dia para você recomeçar a sua vida.
Descobrindo o que é essencial fica tudo muito mais claro.
Sabe aquela velha história de atirar para todos os lados, ou quem muito quer nada tem, o ponto vital é esse. Quando concentramos tempo, foco e energia em um determinado assunto que é essencial, atingimos um resultado expressivo, sem grandes esforços (um passo de cada vez) ao passo que se fizermos isso em diversos assuntos, não atingiremos o mesmo resultado. Isso é meio óbvio, eu sei, e vai ao encontro da superficialidade que nos deparamos nos dias de hoje, onde quase sempre optamos por saber de tudo um pouco e não nos tornamos especialistas em nada, simplesmente porque não temos foco. Ou seja, muitas opções, pouco tempo e recurso. Por isso o essencialista faz escolhas o tempo todo, e por isso ele precisa dizer não o tempo todo também.
As escolhas que o essencialista faz atingem um nível de sucesso e significado imenso, porque ele escolhe poucas atividades, dá a sua contribuição máxima a elas, e com isso alcança o sucesso. Apenas lembrando que sucesso também é subjetivo, viu, gente? Para mim sucesso é navegar no que é importante para mim, sem que isso possa parecer egoísmo, porque na minha lista de importância está incluído o “outro”, minha família, meus amigos, minha espiritualidade. Você traça qual é o seu sucesso.
Eu tenho um lema de vida que me acompanha há bastante tempo que é “a felicidade é o trajeto e não o destino”, e a descoberta de que esse é o lema do essencialista fez todo o sentido para o caminho que estou seguindo, sabe por quê? Porque ao escolher o que é essencial, nosso trabalho, a nossa vida, o nosso foco, ele tem um significado para nós e sentimos prazer no trajeto, nos sentimos no controle de nossas vidas e isso é maravilhoso. Ao passo que quando seguimos o fluxo, perdemos o controle, simplesmente porque as escolhas deixam de ser nossas. Ficamos à deriva, sujeitos às escolhas dos outros.
A verdade é que nem tudo são flores e nem todo mundo consegue seguir esse caminho. É ruído por tudo que é lado, a começar pela nossa sociedade que costuma nos punir quando dizemos não e nos recompensar quando dizemos sim. Ficou confusa? Vamos lá. Quando você diz não a algo que não considera essencial, geralmente é taxado de egoísta e quando diz sim é visto como pessoa comprometida, ou seja, multitarefa. A sociedade nos estimula a fazer mais e pior o tempo todo. Agora você entende porque se sente sobrecarregada? Aprender a dizer não é um exercício valioso e o essencialista pratica isso diariamente.
Ser multitarefa é um convite ao fracasso, pois quanto mais coisas você tenta fazer, mais a qualidade daquilo que você realiza diminui. Quanto mais escolhas fazemos, menos controle sobre elas temos. “Tudo que temos precisa ser administrado. Que peso você deseja carregar?”, repito sempre essa frase. Podemos fazer uma analogia com o guarda-roupa o que deixa toda essa história mais clara. Da mesma forma que o guarda-roupa fica lotado de roupas que não usamos, a nossa vida também, fica repleta de atividades que vamos aceitando, na melhor das intenções, e que se acumulam, deixando o fardo pesado demais. Se não tivermos um processo eficaz para fazer essa limpeza, esses excessos permanecerão em nossas vidas para sempre.
O essencialismo fará você cuidar do armário da vida. E esse processo não pode ser feito apenas uma vez ao ano. É um hábito que você precisa começar a cultivar. Ele é o método que vai te ajudar a abrir mão de muitas coisas boas, para você ficar com as coisas extraordinárias. Simplesmente porque não dá para ficar com tudo.
Como escreveu a poeta Mary Oliver: “Diga-me: o que planeja fazer com sua vida única, fantástica e preciosa?”
Vamos abrir espaço para viver o essencial, baseados em escolhas conscientes e dentro das esferas que consideramos importantes! O que é trivial não nos levará a lugar algum, o que é trivial rouba nosso tempo e nossa energia. É como aquela roupa embolorada que você nunca usa, e que insiste em manter e ainda perde tempo todo ano cuidando dela. Vamos investir em nossos sonhos.
A felicidade é o trajeto e não o destino, vamos viver essa experiência.
Referências: Essencialismo, A disciplinada busca por menos, Greg Mckeown.