Oceanos de Plástico

Desde muito cedo sempre tive um contato com a natureza muito íntimo, seja no mar, seja no mato, é onde me sinto melhor, amo as flores, as plantas e os animais. Já tive um sítio e os momentos que vivi lá me trazem grande saudade. Minha primeira decisão com relação a profissão foi de estudar veterinária, mas logo percebi que jamais poderia cuidar de algum ferimento (me sobe um frio na espinha) depois desejei ser agrônoma, me apaixonei pelos orgânicos, virei a “Bela Gil” quando meu caçula nasceu, mas logo me dei conta do quanto o mundo não nos ajuda ou incentiva a seguir esse caminho; o caminho certo, do cuidado com a terra, e a alimentação mais natural possível. A sociedade nos taxa de malucos; como se comer plástico ao invés de orgânicos seja uma atitude de pessoa inteligente. O consumismo desenfreado nos leva a mudar o rumo do que de fato é importante. O fato é que vamos sendo tragados e isso realmente me desespera.

Assisti no último final de semana ao documentário A PLASTIC OCEAN, Oceanos de Plástico, terminei chorando muito.

Me deparei com a sensação de que o fim do mundo está próximo, sem ser uma profecia religiosa e, sim, um fato, pois não teremos mais alimentos para consumir e se o consumirmos morreremos, pois o mesmo estará contaminado (já está contaminado, leiam até o fim).

Eu já sabia de tudo isso, mas sabia superficialmente, quando nos aprofundamos é que nos tornamos despertos. Precisamos todos nos engajar nessa causa, não é coisa de maluco, não. Maluco é quem fecha os olhos e cruza os braços, esse assunto é nosso!  

Passarei agora a descrever o que vi no documentário:

“Tratamos os oceanos como lugar de despejo, onde jogamos o que não queremos, perto dos lugares onde pensávamos morar… não é possível jogar as coisas fora e pensar que elas sumam. A frase “não no meu jardim” é absurda, diz a Oceanógrafa.  O oceano é o jardim, o quintal de todos, não interessa a perspectiva, o Planeta é governado pela parte azul, o mundo é majoritariamente azul.”

Nos últimos dez anos fizemos mais plástico do que no último século. Metade deles são considerados descartáveis. Como algo descartável pode ser feito de algo indestrutível? Para onde vai? Há casos de baleias mortas de onde são retirados cerca de 6 metros quadrados de plásticos de seus estômagos.

Mergulhando pela Costa do Sri Lanka, há 32 quilômetros da Costa, são encontrados boiando peças como: engradados, crocs, isqueiros (tudo de plástico). Baleias sugam 75 mil litros de água ao se alimentarem e, dessa forma, elas ingerem tudo que vem junto nessa água, além de seu alimento, ingerem plástico. Que eu e você jogamos em lixos comuns, ou pela janela do carro.

Só nos EUA, 38 bilhões de garrafas são jogadas fora por ano, 2 bilhões são apenas de garrafas de água. Só este ano cada pessoa vai usar e descartar 138 quilos de plástico descartável.

“Plástico é ótimo porque dura e é terrível porque dura”.

Quase todos os plásticos que foram produzidos ainda existem em alguma forma.

A produção este ano deve ultrapassar 300 milhões de toneladas. Metade disso será usada apenas uma vez e será descartada. O grande problema é que apenas 1 fração de plástico que produzimos é reciclada. Isso consome as terras e os oceanos, como uma doença.

Mais de 80% do plástico que vemos no oceano vem da Terra.

Milênios de agricultura e Indústria fizeram do Mediterrâneo um dos lugares com a água mais poluída do Planeta. Cerca de 8 bilhões de toneladas de plásticos são jogados nos oceanos, eles se juntam no fundo dos mesmos. No Mediterrâneo descobertas revelam que existe uma proporção de 1 para 2 entre plástico e plâncton. “Onde a luz solar não bate os redemoinhos e as correntes juntam um monte de garrafas plásticas e esse plástico poderia ficar aqui para sempre”.

Nossos oceanos são arrastados por 5 grandes correntes ou rotações, elas resultam da rotação da Terra e dos ventos predominantes. Todos os continentes são afetados por esses grandes sistemas, coletam lixo flutuando nos rios e costas e com o tempo tudo que flutua nos sistemas acabará eventualmente nas correntes.

Na corrente do Norte Pacífico fizeram um experimento captando tudo que está na superfície do oceano. “Olhando o vasto horizonte a gente pensa que não há plástico!” Mas na hora que vão averiguar o experimento, quando a manta é esvaziada, pequenos pedaços de plástico aparecem! A doutora presente nesse experimento diz que cientistas estimam que haja mais de 5 trilhões de pedaços de plástico nos Oceanos. Não existe uma ilha de plástico flutuante o que existe é bem pior, existe uma neblina de plástico, são pequenos pedaços de plásticos que flutuam nos oceanos e que vem de pedaços maiores, a luz ultravioleta do sol, as ondas e o sal quebram esse plástico e eles viram microplásticos. O microplástico tem extremidades pontudas.

Químicos da agricultura e das indústrias grudam neles e eles viram pílulas venenosas. As toxinas grudam no plástico e entram nos oceanos. Há estimativas de lugares que tem mais plástico do que plâncton, e esse plástico é ingerido pelas espécies marinhas. Plâncton e larvas de peixes filmados se alimentam desses microplásticos; grânulos usados em esfoliantes, pastas de dentes e cosméticos são uma fonte considerável de microplásticos. O seu uso precisa ser interrompido.

Nas Ilhas Fiji também fizeram essa pesquisa de coleta da superfície do Oceano, eles captaram polímero, que flutua no mundo todo, é algo que parece um ovinho.

A cadeia alimentar em ação acontece da seguinte forma: zooplâncton se alimenta de fitoplâncton, peixes pequenos comem zooplâncton, lulas se alimentam de pequenos peixes e por aí vai. Nas águas rasas há cardumes de camarões a noite, camarões e outras espécies comem plâncton e animais maiores se alimentam de camarão, inclusive baleias, atum e aves marinhas.

Abriram os peixinhos desse lugar para averiguar o que causaram sua morte e encontraram plástico. Depois de secar a amostra, a pesquisadora diz; a alimentação que ocorre na superfície do oceano inclui fragmentos de plástico, esses fragmentos estão misturados à cadeia alimentar. Plástico não é degradável, costumamos dizer que ele quebra, mas não é uma afirmação correta. Ele quebra e espalha mais. Quanto mais espalhado mais chance de ser consumido. Os animais que consomem isso estão em nossa cadeia alimentar, ou seja o plástico já está em nós e o grande problema é que o plástico absorve substâncias químicas que flutuam no oceano, e quando o peixe come plástico as toxinas passam para os músculos e gordura e é isso que consumimos. Ou seja, nos alimentamos do que é mais nocivo.

Num estudo recentemente pulicado numa revista, pesquisadores analisaram 76 peixes consumidos na Indonésia e 64 na Califórnia, foi encontrado plástico nos dois, quase ¼ tinha detritos antropogênicos. Pesquisadores encontraram plástico na população da Indonésia, e plástico e fibras têxtil na população americana. Ao coletar amostra de mexilhões na França, Bélgica e Holanda, microplásticos estavam presentes em todos os organismos examinados. Quando você come marisco você está comendo o animal inteiro e é mais provável que esteja comendo plástico.

Em 2025 estima-se que será jogado dez vezes mais plástico no mar por ano.

Em Sidney eles examinaram aves marinhas, pois elas ajudam muito, pois agem como um exército de cientistas, pois viajam milhares de quilômetros no oceano, pegam plástico da superfície e levam para o ninho e alimentam os filhotes. Com isso, fornecem muita informação científica, em relação à origem e distribuição do plástico e de como se degrada na superfície do oceano.

Pardelas são pássaros incríveis, migram milhares de quilômetros e param apenas para acasalar, todas as espécies fazem ninho na terra firme. Eles viajam para se alimentar e voltam para alimentar os filhotes. Muitos filhotes morrem e ao serem examinados acham em seu estômago 234 partes de plástico, mas já acharam 274 pedaços em filhotes de apenas 90 dias. Pesam o plástico, que tem 15% o peso do filhote, que é o mesmo, em estatísticas humanas, que se tivéssemos 7 quilos em plástico em nossos estômagos, ou seja 12 pizzas em nosso estômago.

Na Itália pesquisaram tartarugas que estavam com dificuldade para mergulhar, flutuavam de forma estranha devido ao gás que o plástico forma ao ser ingerido, eles tratam essas tartarugas de forma a expelir esse gás e a devolvem ao mar. O grande problema é que sacolas plásticas são confundidas com águas-vivas. As tartarugas passam o dia comendo sacolas plásticas. A consequência disso, claro, é a morte!

Estima-se que no mundo todo haja 1 trilhão de sacolas por ano, quase dois milhões por minutos, e a média de uso de cada sacola é de 12 minutos. Quando se consome plástico, está se consumindo todas as toxinas grudadas, essas toxinas passam para a corrente sanguínea e lá se acumula no tecido de gordura e nos órgãos vitais. Quando queimam essa gordura, essas toxinas circulam pelo corpo mexendo com a reprodução, metabolismo, crescimento, rins e fígado”.

É realmente alarmante. Pretendo escrever o que se tem feito em questões políticas, ambientais, e até mesmo de algumas comunidades que se unem para pensar em formas de minimizar os danos, porque de nada adianta falarmos de um problema e não apontarmos soluções. Quero apontar o tanto de coisa boa que tem surgido em face a esse problema.

Precisamos nos unir com a consciência de que essa é a nossa casa, de todos nós. O problema é meu e seu, é de todos nós.

Tenho consumido muito conteúdo nesse sentido, para que eu possa diminuir as minhas pegadas. Mas farei isso em outro post. Sei que é uma mudança radical em nossos hábitos, mas eu acredito em pequenos passos, e se esses passos forem dados por 7 bilhões de pessoas, nossa! A mudança com certeza aconteceria muito rapidamente.

Vamos?

Um grande beijo.

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