Hoje vamos falar da nossa sombra. Entrei em contato com o trabalho de Jung há pouquíssimo tempo, mas posso conceituar a sombra da seguinte maneira: a sombra é a representação, de acordo com a psicologia analítica de Carl Jung, do lado “sombrio” da nossa personalidade. Lugar em que abrigamos os nossos sentimentos mais primitivos, egoísmos, instintos reprimidos e aquele “eu” que teimamos em esconder do mundo. Aquele “eu” que a mente consciente rejeita, nos fazendo mergulhar nos abismos mais profundos do nosso ser.
É como se fosse um confronto, um duelo que a gente trava com gente mesmo, quando lidamos com as nossas frustrações, com os nossos medos, inseguranças ou ressentimentos.
“Ninguém se ilumina imaginando figuras de luz, mas se conscientizando da escuridão.” (Carl Gustav Jung)
Levantei outro dia essa questão, fazendo uma reflexão sobre a dificuldade que temos de lidar com a sombra que é misteriosa, oculta, latente, mas que em si não é negativa, mas fonte de potencialidade, criatividade, reconexão com a vida, características valiosas que reprimimos, plenitude, etc.
Só que pensando profundamente (não sou Psicóloga, mas fui ler sobre o assunto para entender melhor e embasar essa reflexão toda) sobre a questão, a conclusão óbvia foi me deparar com a constatação de que nada é estático e somente manifesto ou revelado na vida. Bem e mal, noite e dia, feminino e masculino, todos nós somos feitos dessas polaridades, a natureza cresce e evolui passando por ciclos distintos que revelam que precisamos tanto da luz quanto da escuridão.
Essa dualidade e complementaridade de tudo que existe no universo podemos entendê-las pelo conceito do Taoísmo – Yin e Yang. Desta forma, o Yin é o princípio da noite, lua, a passividade, absorção, feminino e o Yang é o princípio do sol, dia, a luz, atividade, masculino.
Por que entrar na Psicologia para escrever sobre a casa? Porque somos seres com diversas características, umas mais intensas, outras nem tanto, mas somos a totalidade dessas características, precisamos da luz (aspectos revelados) e precisamos da sombra (aspectos latentes) e compomos nossos espaços influenciados por ambas, intuitiva ou racionalmente.
Comecei a pensar nisso após ler muitos assunto sobre Carl Gustav Jung – Fundador da Psicologia Analítica e os Tipos Psicológicos (Introvertido ou Extrovertido – Tipos: Pensamento, Sensação, Sentimento e Percepção) propostos por ele, mas relacionando o conteúdo à casa e a maneira como cada indivíduo organiza seu espaço sagrado.
Para entender melhor esses conceitos e aplicá-los ao meu trabalho eu precisei pesquisar outras fontes e estudar porque como disse, não sou Psicóloga, mas sou curiosa a cerca desse assunto que ronda o morar e as características de cada pessoa.
Trabalhar com organização é incrível porque percebemos nitidamente como as pessoas diferem umas das outras e como o autoconhecimento é maravilhoso nesse sentido porque ele cria um elo entre o mundo interior e o exterior e, muitas vezes podemos entender a dinâmica e personalidade de cada pessoa através de como ela organiza a sua vida e sua casa.
Esse elo conduz a sua vida e as suas escolhas e, se as suas escolhas fizerem sentido para você e para a sua personalidade, mais alma seu espaço terá, e mais feliz você será nele. Você abraça a casa e a casa abraça você.
Eu amo as imagens de casas minimalistas que vemos estampadas por aí, mas eu não moraria nelas, pois não tem afinidade comigo e nem com a minha personalidade, mas pode ser bem diferente para outra pessoa.
Escrevi sobre a minha casa minimalista e vou deixar o link abaixo para você entender melhor o conceito de minimalismo, que também difere de pessoa para pessoa, dependendo das características de cada um.
Para mim, ter somente objetos funcionais em casa seria bem difícil, pois apreciação estética é fundamental no meu espaço, memória afetiva também, mas isso pode ser completamente diferente para você.
Meu tipo de personalidade é extrovertido com predominância intuitiva e sensitiva. Eu sou uma pessoa prática (sensitivos são práticos), mas tenho horror ao milimetricamente organizado (pasmem). Minha casa não possui excessos, mas ela é fluida.
Entendo a personalidade manifesta como aquilo que você mostra ao mundo, o que seria seu modo de viver. Falando de mim e do meu morar, olhando exteriormente está tudo ordenado, mas quando se abre as gavetas, embora esteja tudo categorizado, eu não ligo tanto se uma dobra ou outra está fora do padrão, ou seja, os detalhes internos eu deixo em segundo plano, é a minha sombra.
Estudar sobre organização me fez olhar para dentro com mais afinco. As pessoas extrovertidas, como eu, costumam ir muito para fora com dificuldades em interiorização, sabe? E é exatamente isso que revela o interior dos meus armários.
Essa sombra (que é inconsciente) eu preciso trabalhar e eu tenho feito isso. Já tive muita bagunça (interna) por aqui e não me refiro à organização, me refiro a sentimentos, falta de posicionamento, faltava autoconhecimento em minha vida.
Ao me conhecer melhor, estou procurando equilibrar as características da minha personalidade. O revelado e o não manifesto.
Trabalhar com organização me trouxe esse presente também, o do autoconhecimento. Não só o meu, mas enxergando o processo de autoconhecimento de cada cliente quando a organização bate à porta deles.
Provavelmente as pessoas introvertidas tenham mais facilidade em se organizar por dentro, porque organização é um processo que começa de dentro para fora. Reconhecer isso é super importante para o meu trabalho e para todo o processo com o cliente. Você é diferente de mim e eu respeito isso.
Entender que uma pessoa é mais racional, ou mais sentimental me faz ficar atenta à entrega do resultado que para aquela pessoa impacte mais profundamente.
Concluí, ainda de forma superficial, que temos características principais, mas não somos estáticos nisso. Mudamos como as estações do ano! É abrangente o assunto, mas nos aponta um caminho especial de autoconhecimento, não acham? Reconhecer essas características pode te ajudar muito nesse processo de organizar a casa. Pode te ajudar muito nesse processo chamado VIDA!
Eu achei fascinante e estou mergulhando nesse Universo. Um beijo.
obs: Agradecimento especial à minha amiga (que não quis se identificar) pela troca de conhecimentos, livros e conversas (ela é psicóloga e apaixonada pelo trabalho de Jung). Ela me ajudou a compor esse texto, me ajudou a conceituar e entender melhor tudo o que eu estava estudando.