Você pratica a atenção plena?

“A felicidade é o trajeto, não o destino”. Minha frase sempre presente.

E na busca exagerada de chegar logo ao resultado final, perdemos de vista  a travessia, nem reparamos nela. Aconteceu comigo. Essa tal automação que faz todos os dias parecerem iguais porque não nos deleitamos com os pequeninos momentos, aquela simplicidade implícita nos pequenos prazeres da vida. Prazeres estes que daqui a 20 anos vamos nos lembrar com saudade.

A saudade é inevitável, mas ainda assim se vivermos esses momentos com atenção plena essa saudade será mais vívida. Quando estamos em atenção plena temos a oportunidade de vivenciar o momento presente dando a devida importância aos mínimos detalhes. Mas somos programados para sermos robôs, não é mesmo? Não, eu não quero isso para minha vida. Eu vou lutar contra isso com todas as minhas forças, e vou meditar regularmente. Quero viver e não apenas existir.

O minimalismo te ajuda muito nisso, em todas as vertentes que você possa inclui-lo. Por exemplo, ao invés de pegar o carro para ir comprar pão, você pode decidir ir de bike ou a pé. Concorda que você estará mais atento? Cruzará com mais pessoas, fará exercício, viverá muito mais experiências. Foi isso que libertou a personagem do último livro que li, Liz. Você não precisa fazer o que ela fez, você pode tentar fazer isso em doses menores e em pequenos passos, que é como eu tenho tentado fazer.

Acabei a leitura de Comer, Rezar, Amar, e ainda me encontro sob o efeito da paixão.

Eu acredito que todo ser humano deveria ter esta oportunidade, de se jogar no mundo e apenas viver. Me pergunto todas as vezes se o que fazemos aqui se chama viver. É como aquela frase, bordão, sei lá o quê; apenas existimos…

Para nos conhecermos profundamente precisamos de fato estar sós (a sós com o mundo, eu digo). E essa viagem deveria ser obrigatória.

A travessia, o trajeto, a velocidade, as experiências e conexões em jogo é o que de fato nos modificam. Assim fez a autora do livro, Elizabeth Gilbert, após o fim do casamento e de um outro relacionamento infrutífero partiu para uma viagem de 12 meses, 4 meses em cada lugar, Itália, Índia e Indonésia, levando consigo apenas uma mala, poucas roupas, uns livros que nunca foram entregues e ela mesma, com toda a sua solidão e muitos fantasmas. Engordou um pouco, estabeleceu grandes conexões, aprendeu a meditar de forma eficiente e após entender e aceitar quem era, com todas suas qualidades e defeitos, aprendeu a amar o outro.

Isso prova que não são as coisas que nos fazem felizes, mas sim as experiências que vivenciamos. Você precisa se dar esse presente ao menos uma vez na vida. E mesmo que você não possa se dar ao luxo de tirar um ano da vida para fazer isso, a maioria de nós não pode, precisamos nos esforçar para viver isso em nosso dia a dia, o que considero até mais difícil, dado o grau de automação a que estamos sujeitos, seguindo rotinas e padrões, sem a atenção plena de viver o momento.

Apesar de precisarmos cultivar bons hábitos, que nos levam a fazer coisas de forma mecânica, sem refletir muito e nos fazendo economizar energia, não podemos abrir mão da novidade, de encararmos o mundo com os olhos de uma criança. Dessa forma, envelheceremos mais tarde, disso eu não tenho dúvidas.

Durante esses 12 meses Liz viveu absolutamente, e vivendo ela aprendeu coisas que em seus 32 anos de vida não havia aprendido ainda. Quando nos damos esse presente de fazer novas conexões, oportunidade de ócio, oportunidade de orar e se conectar com o Divino, seja através da religião, ou da meditação, chegamos aonde a maioria gostaria de chegar, na essência. Quando penetramos na essência tudo passa a fazer sentido, e a maioria de nós não tem essa grande oportunidade, ou não busca.

Esse livro me inspirou demais, e me fez ter a certeza de que o caminho que estou construindo faz todo o sentido, pelo menos para mim. Me permita compartilhar com você, pois pode, sim, fazer sentido para você também.

Desejo demais construir isso, e quero buscar menos o resultado. Quero viver o processo e as delícias e incertezas da vida. Se tudo que plantamos colhemos, não posso temer a colheita, não é mesmo? O resultado virá, no tempo e na proporção que o Universo considera adequado para a minha evolução enquanto espírito. Eu acredito nisso.

Sei que é difícil eliminarmos os ruídos em sua totalidade, eles existem e são reais. Muitas vezes, furtivos. Mas precisamos todos os dias evitá-los para não permitir que eles nos roubem a vida que estamos construindo.

E se eu pudesse escolher uma palavra preferida como Liz escolheu a dela, ATRAVERSIAMO, eu escolheria a palavra EXPERIÊNCIA.

Foi a experiência que me trouxe até aqui, a esse lugar lúcido, onde a organização habita e a simplicidade faz morada.  Não me refiro a organização estática e perfeita (ela existe? Não, em lugar algum do Universo), mas a organização que me permite viver, que me ajuda a eliminar o que não faz sentido, que me ensina a consumir menos e ser mais criativa. A organização que me permite ter tempo livre para ler e sonhar, que me permite escrever. Que tem me permitido ajudar muito mais pessoas que antes.

Foi o que “vivi” que me trouxe até aqui. Demorei 44 anos para chegar a esse lugar, em alguns momentos eu apenas existi, mas hoje eu tenho buscado viver ainda mais.

 Foi a experiência de ser mãe aos 13 anos que me trouxe responsabilidades inúmeras, e foi essa experiência que me conectou ao fato de que jamais em minha vida, dali pra frente, eu tomaria qualquer decisão pensando apenas em mim. E fazer isso aos 13 anos é uma experiência e tanto.

Foi a experiência de casar aos 19 anos que me trouxe o comprometimento com o outro, e que me ensinou que eu havia nascido para o amor.

Foi a experiência da amamentação que me fez amar mais do que pensei ser capaz.

 Foi a experiência de estudar jornalismo que me fez sonhar com a escrita, e aqui estou.

A experiência do divórcio me conectou com a dor da perda em vida. A experiência de casar de novo com o mesmo homem (sim, eu me apaixonei por ele novamente e essa é minha história, da qual me orgulho muito) me fez ter a certeza de que não sou capaz de controlar tudo.

 A experiência de perder um de meus filhos me mostrou a alternativa anterior de novo. E aquilo que não podemos escolher, ou controlar, aceitamos como aprendizado, experiência, aprimoramento no jogo da vida.

Foi a experiência do teatro que me fez enxergar que eu jamais conseguiria viver sem Arte, ou sem criatividade, sem o lúdico. Essa é a minha essência, minha vida é permeada por brincadeiras, música e muita alegria.

É a experiência do Empreendedorismo que está me fazendo forte, que me faz única, e que me despertou para uma infinidade de coisas que ainda estou processando. Tema para um outro post.

Eu cheguei aqui na hora certa e estou pronta para viver daqui pra frente escolhas ainda mais enraizadas e lúcidas. Caminhando de forma consciente, nesse trajeto tão cheio de cor e vida, que me pego muitas e muitas vezes sonhando acordada com tudo o que ainda vou VIVER.

E você, já parou para pensar qual a sua palavra preferida?

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