Escrevo esse texto em plena quarentena para tocarmos num assunto chamado vulnerabilidade. Falar de vulnerabilidade em tempos de isolamento social é tocar numa ferida exposta, pois toda a humanidade está vulnerável de alguma forma nesse momento. Todos estamos precisando lidar com emoções à flor da pele, medo, adaptabilidade, ação e reação. O confinamento aumenta, ainda mais, toda essa tensão.
Por isso trouxe esse assunto, para que possamos juntos reunir habilidades que possam nos ajudar a ultrapassar esse processo difícil.
Para começar preciso que você entenda que vulnerabilidade não é fraqueza, é a capacidade de agir mesmo quando não podemos controlar os resultados, segundo Brené Brown nos ensina em seus livros. Brené Brown é professora, pesquisadora e autora de diversos livros. Há 20 anos ela estuda sentimentos como vergonha, coragem, vulnerabilidade, e empatia.
Seus estudos nos apontam o que muitas pessoas associam à vulnerabilidade; “engravidar de novo depois de sofrer um aborto espontâneo, abrir meu próprio negócio, o primeiro encontro depois do divórcio, dar feedback, demitir alguém”. É preciso muita coragem para agir diante de perdas e dores, é preciso muita coragem para não fugir de conversas difíceis.
Ir pelo caminho mais fácil costuma ser mais confortável, não é mesmo? Mas se fizermos isso não estaremos evoluindo, ultrapassando obstáculos, aumentando nossa inteligência emocional, construindo confiança, gerando vínculos. Somente quando nos abrimos à vulnerabilidade somos capazes de liderar com o coração, amar e ir em frente, mesmo após uma devastação emocional.
A procrastinação é um sinal claro de nossa dificuldade de encarar os fatos! Seja para levar projetos adiante, seja para dizer uma verdade dolorida a alguém, seja para ficarmos desconfortáveis diante da reação emocional negativa de uma pessoa. Tudo que nos leva à vulnerabilidade gera medo, dessa forma, empurrar com a barriga pode ser menos doloroso e confortável. Mas saiba que não agir também revela uma ação, uma ação que não a conduzirá a uma vida plena e corajosa, como nos ensina Brené.
Descobrir a causa da procrastinação pode ser um caminho de grandes aprendizados. Está tudo dentro da gente, por isso o autoconhecimento é vital. Somente entendendo porquê fazemos, podemos resolver de uma vez por todas certas situações.
Eu chamo isso de aprimoramento pessoal. Fugir nada resolve. Mas precisamos agir com habilidade emocional, que é o que Brené Brown nos ensina em seus livros. Nada de colocar uma armadura para se proteger emocionalmente. A armadura te protege, mas quem quer viver sem construir vínculo, não é mesmo? Eu não quero. A vulnerabilidade é para todos nós, Brené afirma.
A pesquisadora traz uma analogia à procrastinação em seu livro A Coragem para Liderar, nos contando uma história de quando seus pais a levaram para pescar, ela e seu irmão, num pântano repleto de jacarés. O encarregado do local disse que, caso um jacaré se aproximasse, bastava eles correrem em ziguezage. Ele explicou que jacarés são rápidos, mas não são bons em curvas. Brené explica que o ziguezague é uma metáfora para a energia que gastamos tentando desviar das balas da vulnerabilidade, seja na forma de conflito, desconforto, confronto ou uma possível mágoa, vergonha ou crítica.
Sabe aquele telefonema que você precisa dar, muitas vezes difícil, seja para um cliente, seja para sua melhor amiga, e você passa o dia ziguezagueando, indo de uma tarefa à outra, adiando o problema? Por que fazemos isso? Porque instintivamente evitamos o confronto, optamos pelo confortável. Mas ela diz que encarar o problema de frente economiza uma quantidade imensa de tempo e capacidade mental, mas ressalta que uma outra vantagem de se fazer isso é que, quando avaliamos uma situação de frente é menos assustador, e menos intimidador do que olhar para ela por cima do ombro enquanto fugimos.
É isso que precisamos fazer nessa quarentena, olhar para o problema de frente, (seja ele qual for) utilizarmos os recursos disponíveis para praticar o autoconhecimento, a fim de sairmos dessa situação toda mais evoluídos. Olhar para dentro de nós e reconhecer sentimentos, sensações. Entender e avaliar como estamos respondendo a esse confronto. Isso é poderoso! Dói fazer isso? Muito! Não podemos prever o futuro e nem sabemos como será o amanhã. Mas é uma ação possível de se fazer dentro desse cenário.
Somente assim encaramos a vulnerabilidade. Pára, respira. Leve clareza e transparência para aquilo que você está tentando evitar. Quando nos flagramos adiando, racionalizando, nos escondendo, fugindo, procrastinando, culpando, mentindo, precisamos nos lembrar que fugir é desperdício de energia e que provavelmente vai contra os nossos valores. Em algum momento precisaremos aceitar nossa vulnerabilidade e dar aquele telefonema, organizar o guarda-roupa, cuidar da saúde, impor limites, dizer não.
E se a quarentena está ajudando você a olhar isso tudo de frente, aproveite a oportunidade. Não fuja da gaveta de roupas, não fuja das conversas difíceis. Olhe para os excessos do seu espaço e se confronte de uma vez por todas com essa realidade.
De alguma forma agora temos tempo, e agir mesmo sem poder controlar o resultado, pode ser você refletir sobre isso agora que o tempo está a seu favor. Temos a grande oportunidade de crescer emocionalmente com isso e dar passos largos em direção a uma vida com ousadia e coragem.
Se precisar de ajuda na organização do seu espaço temos a consultoria online a nossa disposição nesse momento, de acordo com a necessidade de cada cliente. Não hesite em me mandar uma mensagem.
O confronto com a bagunça é difícil? Sim, ele é. Mas somente encarando isso você poderá evoluir. Com a ajuda de uma especialista o caminho poderá ser leve e até divertido.
Um beijo!
Ps: Fique em casa e aproveite o momento, Ichigo-Ichie.